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segunda-feira, 2 de julho de 2007

2006.06.14 em GTclube.com
Anos 80: a economia do prazer.
Os pequenos desportivos.

http://www.gtclube.com/historia/anos80/index.htm

foto: Hugo Reis

Nas décadas de 60 e 70, as transformações sociais e a prosperidade económica da maior parte dos países desenvolvidos, criaram um ambiente único para o crescimento da indústria automóvel. A imaginação dos carroçadores e engenheiros viveu dias de grande liberdade. Desde os pequenos carros para as cidades cujo espaço e mobilidade se ressentiam do “baby boom”, aos exuberantes GT com raízes nas mais diversas modalidades automobilísticas, passando pelos pequenos e espartanos desportivos destinados ao emergente mercado dos condutores adolescentes, novos modelos nasciam a cada dia e os salões internacionais eram mais agitados do que nunca.
A sociedade de consumo prestava um grande serviço aos amantes dos automóveis, absorvendo avidamente os mais arrojados conceitos. Aqueles que um dia viriam a ser os clássicos mais desejados. Comparativamente, os anos 80 seriam uma travessia no deserto no que diz respeito à produção de veículos orientados para o puro prazer de condução.Os tempos da Pop e dos excessos, davam agora lugar a um clima económico e político mais apreensivo e sério.A pele e a madeira cediam ao vinil. O cromado era deposto pelo plástico. Dezenas de construtores independentes e de pequenas dimensões, deixavam de encontrar os seus nichos e fechavam portas. O mercado automóvel passava a ser feito exclusivamente de economias de escala e escassos foram os produtores “artesanais” que sobreviveram aos anos do “racional”.O mundo havia mudado, mas os entusiastas dos automóveis continuavam a existir. Para responder aos anseios dos condutores que resistiam em entregar-se ao design angular e a ver o carro como um monótono meio de transporte, era necessário criar um novo tipo de resposta. A necessidade de produzir muito, investindo o mínimo possível, punha de parte as ideias mais ousadas. A transmissão clássica, os coupés e roadsters desportivos, não encontravam mercado suficiente para pagar os custos de desenvolvimento, agora cada vez mais onerosos graças a medidas ambientais e de segurança. A resposta que os construtores procuravam teria de permitir conciliar a emoção da condução, com um “layout” orientado para os aspectos práticos e económicos. Para encontrá-la, não foi preciso re-inventar a roda. Os pequenos desportivos de tracção, ou hot-hatch - como viriam a ser rotulados – foram uma “invenção” reclamada pelos germânicos com o íconico Golf GTI. Feito esse, pronta e orgulhosamente negado pelos italianos, que lembram que o Alfasud Ti foi o vencedor dessa corrida no tempo. Mas na verdade, os britânicos eram quem, legitimamente, encontravam nesta descoberta um motivo para inchar a sua vaidade. Pois o que foi o Mini Cooper S, senão o pioneiro do espírito “hot-hatch”? Uma base orientada para a economia, uma mecânica vitaminada, uma suspensão mais ousada e eis um carro de compras transformado num excitante desportivo. Ao longo da década de 80, seria esta a fórmula encontrada para apimentar as gamas das mais variadas marcas. E assim se desenvolveram as capacidades dos carros de tracção a pontos de serem criados alguns modelos que hoje são ícones entre os desportivos. O Peugeot 205 GTI, O Golf GTI e o Renault 5 GT Turbo são apenas os exemplos mais evidentes. O que é certo, é que estes e outros modelos rapidamente passaram a preencher os sonhos de vários entusiastas. E se vistos à distância de 20 anos, estes carros já não são tão impressionantes como nos pareciam, o fascínio infantil é aquele que domina os nossos sentimentos.

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